quarta-feira

Chanfrisco, o pinto careca


Chanfrisco, o pinto careca

Chanfrisco era o nome daquele pintainho careca, do qual a minha avó costumava contar a sua história.
Com apenas três dias e algumas horas, Chanfrisco era um pintainho diferente de todos os seus irmãos. Era aventureiro e desobediente às ordens da sua querida mãe.
Esta tinha por hábito, todos os dias de manhãzinha, ir dar uma volta pela quinta, à procura de alguns bichitos para a sua primeira refeição do dia.
Numa linda manhã de terça-feira, espreitava o sol por entre a ramagem das videiras, o reguila do Chanfrisco resolveu ficar para trás da sua mãe e irmãos, a observar e ouvir um negro melro que, muito contente, cantava, animando toda a quinta. A mãe só deu pela sua falta quando viu o gato Bernardo a dirigir-se, calmamente, para o local onde tinha ficado Chanfrisco.
- Ai, meu Deus! - exclamou a galinha mãe. - Aquele maldito gato vai comer o meu filho!
E então, de repente, gritou:
- Chanfrisco! Chanfrisco!
Mas o Chanfrisco, de tão entretido e deliciado que estava a ouvir o melro, não escutou a voz da sua querida mãe a chamar.
Ouviu-se um barulho esquisito e, quando Chanfrisco olhou para o lado, zás!, apenas sentiu as garras daquele bichano a passarem-lhe rentinhas ao seu corpo!
Chanfrisco saltou e conseguiu escapar para dentro de um pequeno buraco que existia num muro velho da quinta, não conseguindo o gato deitar-lhe aquelas garras bem afiadas.
Entretanto, a sua mãe chega, aflita, e diz: - Ó Bernardo, francamente! Vizinhos que somos há tantos anos e tu tens a coragem de tentar matar o meu filho?!
Bernardo responde-lhe, calmamente:
- Amiga Cacará, eu não sabia que ele era teu filho! Deves avisá-lo de que ainda é muito pequeno para andar sozinho na quinta!
Cacará assim fez. Repreendeu Chanfrisco pelo erro que tinha cometido, pois poderia ter perdido ali a sua vida!
Chanfrisco pediu desculpa à sua mãe.
E a partir daquele dia, nunca, mas nunca mais a abandonou. Nem aos irmãos.
É muito perigoso andar-se sozinho!!!

Livro "Histórias com Música 1 ", Rogério Duarte, ilustrações de Adelino Barroso, Gailivro.


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